As primeiras chuvas…o aroma da terra molhada…um vento que brinca com as folhas…uma flor que abre as suas primeiras pétalas, num ciclo de renascimento resplandecente que a mãe natureza nos oferece todos os dias. Vivemos tão mergulhados na vida que levamos que sem dar-mos por isso, as pequenas maravilhas da vida nos passam despercebidas. Deixamos de sonhar, quando um arco-íris aparece no céu. Deixamos de sentir a chuva a cair na pele, deixamos de voltar a cara para o céu, deixando que aquelas minúsculas gotas nos acariciem a face. Como estes, muitas mais momentos nos passam ao lado e já digo ao lado porque nem damos conta deles. Temos demasiadas preocupações, receios e ansiedades que nos atiram para uma espécie de sub-mundo. O sonho, a fonte de energia sublime perde-se e com ele somos apenas seres humanos que se limitam a sobreviver. Deixamos que existir como seres puros e sublimes que respiram as cores da primavera, saboreiam uma lareira acesa em pleno Inverno, abraçam os primeiros raios do sol pela manhã fresca, vibram com a amor e sentem a amizade.
Porque nos fechamos e nos consumimos limitando-nos a sobreviver…onde estarão os guerreiros e guerreiras de outrora que enfrentavam o mundo sem medo, que se batiam por sentimentos e lutavam por sonhos. Onde se esconderam os verdadeiros tesouros da vida, o sorriso, o olhar inocente, a palavra meiga, o calor de um abraço? Algures…e por vezes mais perto do que imaginamos. Estamos tão cegos que perdemos a capacidade de sentir e quando voltamos a sentir, fugimos…porque não acreditamos…mas de longe espreitamos desconfiados…e sem darmos por isso, uma força vinda da profundeza do nosso ser nasce novamente. Numa ansiedade crescente, voltamos a dançar para a melodia da vida…porque a vida é amor e o ser humano sem amor, perde-se no tempo da solidão perturbante.
Deixem que a vida vos abrace, não pensem no amanhã, sintam o presente. Não fujam dos sentimentos e saboreiem a doçura dos mesmos. Deixem que as lágrimas de alegria corram pelas vossas faces, porque uma alma feliz é a luz do caminho de tantos que se perderam. Abram os olhos…deixem novamente correr nas vossas veias a emoção dos sentimentos…porque o presente existe!!!!
(Novembro 2008)
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